O Observatório COVID 19 da UFPE – Universidade Federal de Pernambuco – tá fazendo bastante balbúrdia circulando informações sobre o COVID-19, num formato bem interessante e divertido elaborado junto com a rádio Frei Caneca: são áudios circulados pelo Whatsapp com textinhos curtos pra passar o recado da prevenção e apoio coletivo.
Se liga e compartilha: (para baixar os áudios no celular, clica nos três pontinhos e seleciona “Fazer Download”. No computador, clica com o botão direito no áudio e seleciona “Salvar Áudio como”)
Mais fontes confiáveis de informação sobre a pandemia
No campo da comunicação comunitária e popular, nossa Rádio Aconchego publica semanalmente o Informativo Radioativo. Tanto com informações sobre cuidados com a saúde como sobre as diversas movimentações de resistência no nosso território. O coronavírus ataca a nossa saúde e o nosso modo de vida. E vale escutarmos da boca de quem está resistindo o como essa doença é, além de física, social. Esta semana foi sobre a ocupação da Associação de Moradores da Várzea, más já teve sobre a reabertura do comércio, as movimentações contra o racismo, controle do COVID-19 no Paraguai e muito mais. Confere no site todos os programas =)
Para informações técnicas mais completas, podemos visitar o site da UFPE. Lá encontramos diversas informações relacionadas às ações e pesquisas desenvolvidas a respeito da pandemia, que vão desde Informe Epidemiológico e artigos científicos a Cartilhas de prevenção com fluxogramas para trabalhadores/as como entregadores de mercadorias e sobre o Auxílio Emergêncial, Rádio Universitária fazendo programa Especial Coronavirus, Podcasts como o Coronavirus em Xeque – que reúne depoimentos de pesquisadores e especialistas para alertar ouvintes em relação ao processo de desinformação (as fake news!) sobre a pandemia do novo coronavírus, além de vídeos do Opinião Pernambuco, da TV Universitária/TVU se dedicando a temas vinculados e trazendo profissionais de diversas áreas para provocar o diálogo com a população.
São realizações de um conjunto de professoras, professores, estudantes, pesquisadores para atingir não somente a comunidade acadêmica, mas que a informação de qualidade se propague na sociedade e seja posse de todes.
Não é só uma gripezinha! Vamos resistir também com informação de qualidade sobre o Coronavírus. <3
As iniciativas dentro das comunidades contra o COVID19 estão tomando rumos muito criativos. Na Favela Bola de Ouro, no Curado IV / Jaboatão dos Guararapes, o pessoal da Universidade Popular do Nordeste (UNIPOP/NE) nestes dias de pandemia, além de coleta e distribuição de cestas básicas para as famílias mais carentes dos bairros circunvizinhos, está entrando nas ondas das rádio comunitária: A Rádio e TV Esperança do Povo – orgânica e decolonial. Na era dos streams e podcasts, o formato de rádio permanece como ferramenta de comunicação entre comunidades, sintonizando informação, música e pertencimento.
A Universidade Popular do Nordeste já era conhecida por construir trabalhos político-pedagógicos com a população, como rodas de conversa para o bem viver, aprendizados de artes marciais, encontros com caráter de educação popular e condução do Pastor Jardson Gregório. Neste momento em que é pedido o distânciamento social temporário como medida de prevenção do CORONAVIRUS, a UNIPOP/NE inova com a Rádio Esperança do Povo, promovendo “diálogos não violentos na perspectiva da pedagogia da convivência adotada pela UNIPOP/NE, sendo assim um projeto de educação para a felicidade sobre modo sustentável”. Com acesso online pelo canal, proporcionará que a transmissão leve a sabedoria construída pelas educadoras e educadores locais a ouvintes da favela, mas também de toda a rede de internet.
A inauguração oficial da Rádio e TV Esperança do Povo acontecerá no dia 13 de agosto deste ano, mas já apresenta alguns programas como o “Margaridas”, que “liderado por mulheres da favela e equipe atuante na Universidade Popular, aborda temas do universo feminino tais como família, feminicídio, machismo, racismo, gordofobia, homofobia, assédio e agressão”, e conta com convidadas que possam falar suas vivências dentro dos debates, trazendo uma programação musical que embale as/os ouvintes. Outros programas acompanham esta linha de educação para o povo construída pelo povo, com debates sobre literatura e filosofia, contos e causos, e diálogos ecumêncicos de louvor, reflexões e sonhos.
Acesse a Rádio e TV Esperança do Povo! Saiba como apoiar!
Conheça também a Rádio Aconchego, parceira na realização do Mapa Solidário <3.
A tiração de onda do pernambucano dá flecheiro todo dia. O povo aqui inventa sempre uma forma de rir em meio à precariedade. É tirar onda da praia com tubarão, dançar passinho no buraco cheio d’água ou tobogã de bike no túnel alagado.
Agora, sabe uma brincadeira nada chic? Usar errado as EPIs de prevenção do COVID-19. Na passarela da pandemia, identificamos os modelos teimosos que desfilam com looks erradíssimos na cidade:
LOOK CONTÁGIO INFANTO-JUVENIL: crianças que os/as responsáveis deixam correr por aí sem proteção e adolescentes que dão uma voltinha de bike ou ficam paquerando e namorando sem máscara. LOOK CONTÁGIO ADULTO: passeia sem máscara enquanto grita que é só uma “gripezinha”. Quase uma performance. LOOK CONTÁGIO IDOSO: vai conversar com a vizinhança sem máscara poque “só tem conhecido”.
Um outro destaque dessa temporada é o acessório “máscara descontruíde“:
– MÁSCARA NO QUEIXO: tendência principal nas ruas de Recife. É muito vista naqueles dias de mormaço, que as pessoa alegam estar “esbaforidas”. – MÁSCARA NA BOCA, MAS NÃO NO NARIZ: muito usada por quem quer exibir a máscara e a preocupação com o vírus, mas mostrar a carinha ao mesmo tempo. Um look isentão. – MASCARA NO COTOVELO: esta novidade remonta ao estilo motoqueiro irresponsável, e desloca o acessório de rosto para o cotovelo. É a EPI pra inglês ver. O famoso “eu tô cumprindo a lei”.
Se você se percebeu uma vítima das tendências e está usando um desses looks, se avie!
O lugar da máscara éno rosto cobrindo a boca e o nariz. Andar sem EPI pra levar uma brisa é contaminação batendo na porta! Quando o presidente disse que máscara é coisa de viado, a gente entendeu que era hora de todo mundo DAR CLOSE e sair com máscara de todas as cores da bandeira LGBTQIA+. Sabe aquele boy que é “engenheiro civil e melhor que você” (SIC)??? Não seja essa pessoa!
Várias campanhas estão distribuindo EPIs. A reabertura não acabou com COVID e o look certo é manter a proteção e os cuidados com a saúde <3
Algumas das notícias mais chocantes desta pandemia são sobre trabalho doméstico. A trabalhadora encontrada trancada num cômodo e que era escravizada por uma empresária, casos de trabalhadoras que se contaminaram e foram demitidas, apesar de a contaminação ser considerada acidente de trabalho e, portanto, sob direitos trabalhistas, a que foi infectada pelos patrões e foi o primeiro caso de morte por COVID-19 do Rio de Janeiro, a triste e revoltante morte do menino Miguel enquanto sua mãe trabalhava. Mulheres que tentavam manter seus empregos em meio à incerteza dos tempos que vivemos.
O teor escravocrata destas notícias é alarmante, não acha? E, além dessa carga histórica de maus tratos, as trabalhadoras domésticas sofrem com outra das consequências do isolamento: o desemprego. Com essa preocupação, a Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad) explica os problemas enfrentados pela categoria e pede apoio à campanha de doações “Cuida de Quem te Cuida“.
Veja no vídeo as falas da categoria, que tem mais de 7 milhões de trabalhadoras. E não esqueça: serviço doméstico NÃO é serviço essencial! Se você contrata serviços destas profissionais, mantenha o pagamento enquanto elas praticam isolamento social. Os filhos destas trabalhadoras estão em campanha contra as demissões. Respeite as profissionais e lave os pratos na quarentena.
Para doar Banco do Brasil Fenatrad Ag. 3457-6 C.c. 75760-8 CNPJ: 31. 709.841-0001/04
Ficha técnica do vídeo Roteiro e Direção: Elisa Brites Edição e Finalização: Junior Vieira Colaboração: Luiza Batista (Fenatrad), Jurema Brites, Mary Castro e Thaís Montcelli
APOIE A ARTE FULNI-Ô! APOIE A LUTA INDÍGENA!Cocares belíssimos como esse estão sendo vendidos e rifados
Já sabemos que a pandemia do COVID-19 paralisou diversas atividades e espaços do cotidiano. Nos ambientes urbanos, quem possui o privilégio de trabalhar de casa, se isola. E quem não possui, se expõe em trabalhos precarizados para evitar a miséria. Muites nem essas duas opções possuem. Se nas cidades, milhões se desdobram para garantir a sobrevivência das próprias famílias, como andam as comunidades dos interiores? Como estão as condições dos povos indígenas?
Xicê Fulni-ô, agente de saúde de Águas Belas, explica em entrevista os desafios enfrentados pela sua comunidade. “Todo mês de abril, os Fulni-ô tem o costume de viajar pelas capitais fazendo apresentações de dança e vendendo artesanato. A capital mais próxima é Recife, mas os artistas visitam várias cidades, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, entre outras”, diz ele. Além das apresentações culturais, o Grupo Cultural Indígena Walê Fulni-ô viaja pelo país e também faz visitas a escolas, apresentando sua cultura a não-indígenas de forma educativa. As apresentações e as vendas de artesanato do mês de abril compõem boa parte da renda da comunidade, habitada por cerca de 4 mil pessoas, que também praticam agricultura de subsistência. Como este ano, as atividades e viagens tiveram que ser canceladas, as pessoas da aldeia estão contando com a solidariedade da sociedade civil e com as ações governamentais.
“Algumas pessoas conseguiram o auxílio emergencial do governo, mas muitas ainda estão na fila de espera. Está sendo uma situação muito difícil pra todos nós. No momento, estamos dependendo de doações de cestas básicas e materiais de higiene, muitas vindas de ONGs que já mantinham alguma parceria conosco, mas também de pessoas anônimas de outras regiões. Chegamos a fazer uma rifa de cocar, mas ainda estamos precisando de ajuda”, ressalta Xicê. Além da rifa, a comunidade está com uma vaquinha aberta para apoiar o Grupo Walê. Não devemos esquecer de apoiar os povos originários no enfrentamento dessa pandemia: além de ser um ato de solidariedade, é um ato de reparação histórica. Os Fulni-ô, assim como outras comunidades indígenas, não são priorizados de forma adequada pelo governo. Cabe a nós enquanto sociedade apoiar a luta e o trabalho indígenas.
A PANDEMIA NA COMUNIDADE FULNI-Ô DE ÁGUAS BELAS EXPLICADA POR XICÊ
Dos efeitos do isolamento às estratégias de contenção do contágio na aldeia, os Fulni-ô contam com a força coletiva, apoios externos, cuidados com a saúde e a conexão com a espiritualidade.
Efeitos do isolamento
“Nós indígenas, temos o costume de ficar muito próximos. Foi difícil [o isolamento]. Mais de 14 pessoas da equipe [de saúde] contraíram o vírus, inclusive eu. Só agora está tudo mais tranquilo, o que não quer dizer que estamos livre do COVID-19. Mas agora podemos ter mais tranquilidade. Estávamos limitados a ir na cidade pra comprar alimentos, porque os mercados ficaram fechados, as feiras livres também, então faltava até alimento. Foi um caos na comunidade – imagine como é numa cidade grande, no interior fica mais difícil. Eu percebo, porque também sou agente de saúde, mas trabalho com as plantas medicinais. Eu fiquei um mês de quarentena porque não tinha condições de trabalhar, mas todos estavam empenhados em ajudar”.
Saúde Indígena na Pandemia
Xicê explica que várias informações sobre a prevenção da doença chegaram remotamente através da equipe do Secretaria de Saúde Indígena (SESAI), órgão responsável pela saúde indígena, que indicou uso de EPIs e produtos de higiene como álcool em gel. “A SESAI criou uma equipe multidisciplinar, com médicos, enfermeiros, técnicos, odontólogos, psicólogos, nutricionistas”, ressalta.
Casos na aldeia
Segundo Xicê, “estima-se que mais de 400 pessoas pegaram o COVID, só que se recuperaram. Cinco pessoas chegaram a óbito, porque as 3 mulheres tinham mais de 70 anos e com histórico de pneumonia, os outros 2 mais jovens tinham histórico de diabete e tuberculose, e só tiveram assistência depois, porque ninguém sabia. Muitos ficaram doentes dentro de casa acamados e não sabiam como proceder porque não sabiam que doença era aquela, se imaginava que era uma gripe muito forte, doia os ossos, a cabeça, que cansava”. O receio em levar pessoas doentes ao hospital, o alarde sobre a doença na imprensa e a crescente falta de recursos estão sendo contornadas com os apoios. Mas “isso tudo causou muito estresse, ansiedade, problemas psicológicos em nós, indígenas. Eu tô na linha de frente ajudando meus indígenas a entender, procurar ajudar ligeiro, não ficar achando que é uma gripezinha”.
Contenção da Doença
Xicê ressalta que os Fulniô estão “fazendo barreiras nos pontos da aldeia onde tem o tráfego de carros, motos, pessoas, colocando álcool em gel nas mãos, na ida e na volta, oferecendo máscaras. O nosso dia dia tá sendo esse, somos nós mesmos indígenas que estamos levando nas costas, com a ajuda do governo, município, das pessoas que se sensibilizam com os povos indígenas”. Ressalta o papel dos agentes de saúde, que “vão nas portas ver quem está com síndrome gripal, com tosse. Cada semana fazem um somatório e até hoje não foi notificado um caso de gripe”. Ele acrescenta: “Temos que buscar a fé e a espiritualidade, mas a medicina faz sua parte. Eu agradeço muito porque, você veja uma comunidade com 4mil indígenas e apenas 5 óbitos…”