Mulheres N'ativa

Um mapa, um relatório e um filme <3

E não é que estamos fazendo filme e análise de dados, querides??? A pandemia nos trouxe diversas reflexões, uma delas sobre a necessidade de registrar as ações maravilhosas que os movimentos sociais que acompanhamos estão fazendo. Nossa forma de traduzir isso foi realizar com todo o amor e dedicação um relatório quanti-qualitativo e um documentário. 

Por isso, em junho, a equipe do Mapa Solidário se juntou com o Gris Solidario, Caranguejo Tabaiares Resiste, Centro Mário Andrade, Rede de Coletivos Populares de Paulista, Mulheres N’Ativa, Comunidade 15 de Novembro, Marcelo Pedroso e Cecília da Fonte pra fazer umas filmagens chiques dessa história de pandemia que está contada de um jeito meio enviesado, em nossa opinião. Estamos dando nosso melhor pra conseguir transmitir em imagens a força das articulações, que conseguiram manter a resistência ao coronavírus e às políticas genocidas do Estado. E também narrar nossa história de apoio mútuo, de nós por nós resolvendo os problemas que se acumulam. 

Rádio do Fruto de Favela na Favela do Jacaré, em Maranguape I

E tem mais: a gente vai botar dados na mesa também. Estamos no processo de coleta de informações sobre as cerca de 30 campanhas que temos listadas no Mapa Solidário. Queremos saber qual foi o alcance e quantidade de doações dessas campanhas nas comunidades, na região metropolitana e Estado de Pernambuco. Não sei vocẽs, mas temos a impressão de que as campanhas só não fizeram mais por falta de recursos. 

Falando em recursos, estamos angustiades com a diminuição DRÁSTICA das doações. Minha gente, A PANDEMIA NÃO ACABOU. E os impactos sociais perdurarão ainda bastante tempo. Muitas campanhas estão parando de distribuir cestas básicas por falta de dinheiro. Agradecemos o engajamento até agora,  mas as necessidades continuam, já que muita gente perdeu emprego nesses meses. Não achem que a reabertura descabida da cidade pelos governos significa um retorno à vida como ela era. Infelizmente, não é. 

Caranguejo Tabaiares

PORÉM, melhor que nós falando muito mais sobre como é ou será a vida, deixamos pra vocês um vídeo de Yara, essa personagem incrível que conhecemos na última diária do documentário, na Comunidade 15 de Novembro. A comunidade fica ao lado do Cemitério de Arthur Lundgren 1 e – pasmem – a Prefeitura queria ampliar o cemitério PARA ENTERRAR MORTOS DO COVID quase PASSANDO POR CIMA DA COMUNIDADE. A resistência impediu contra a vontade dos governantes, mais uma vez, que a morte vença a vida. E a comunidade se mantém. Sobrevive.
 
Viva está a resistência <3

Curta o canal de Yara <3

Post Scriptum

Nosso esforço com o Mapa Solidário – Radio Aconchego, coletiva MULEsta e parceires – desde o começo, foi o de auxiliar as campanhas a receber doações. Seja agregando as informações necessárias para doadores ou propagandeando as necessidades que surgem a cada semana. Estamos muito felizes que este trabalho tem dado frutos. Com uma ferramenta simples, livre e mantida voluntária e coletivamente, temos ajudado várias comunidades a aumentarem suas redes de apoio. Obrigada a vocês <3 Esperamos que gostem do que está por vir e retomem o apoio tão fundamental às iniciativas ^^

Várzea e Ibura no abraço de Joice e Joelma

Tem Vida nos viadutos: dignidade para a pessoas em situação de rua na pandemia


DOE através da Vaquinha: DOE EM AMOR – AQUI TEM VIDA

Se tu mora em uma casa ou apartamento, já deve ter pensado o quanto é reconfortante chegar em casa e tomar um banho depois de um dia cansativo de trabalho ou estudos; ou ainda quando fazemos feira e precisamos neste momento de quarentena lavar e descontaminar todos os produtos. Vamos pensar um pouco então em quem não tem esse local de limpeza e descanso porque não tem onde morar. Se nos dias comuns é difícil, imagina neste momento de pandemia?

Pesquisas apontam que o aumento da população em situação de rua no país está ligado ao desemprego e à falta de assistência dos governos, a chamada crise econômica que afeta a classe mais pobre com maior impacto, e ainda aos conflitos familiares gerados pelas faltas de condições estruturais associados ao abuso de álcool e outras drogas. Misturando-se a esse caldo, temos atualmente a pandemia da COVID-19 que afeta a todas e todos indiscrimanadamente, mas tem atingido fortemente a esta população de extrema vulnerabilidade que enfrenta além da fome, o frio e a insalubridade. Vale lembrar que o  senso nacional ignora o número e as condições sociais destas pessoas, agravando a deficiência das políticas públicas voltadas para este setor.

Entao, pela garantia dos Direitos Humanos básicos destas pessoas em situação de rua em Recife, a campanha Aqui Tem Vida tem atuado como movimento social realizado por voluntárias e voluntários que doam seu tempo e seu trabalho levando cestas básicas, máscaras, sabonetes, roupas e cobertores.


Gabriela Sampaio explica que desde 2009 se envolve em projetos sociais voltados para amparar a população em situação de rua. Junto com Thiago Leite, que integra o Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua, fundaram o Aqui Tem Vida para demarcar a existência de pessoas que vivem embaixo dos viadutos da cidade do Recife. “Decidimos recuperar esses viadutos, fazer trabalhos de horta, de limpeza e desinfecção, de diálogos sobre tirar documentos, conseguir psicólogos, trabalhos com arte, com dança, esporte… Começamos a planejar e criamos o projeto Aqui Tem Vida, porque de fato há vida nesses viadutos. E aí foi quando começou a pandemia”, explica Gabriela. 

As atividades presenciais cessaram, mas inspiradas nas campanhas solidárias que começaram após a pandemia, iniciaram esta campanha de higiene pessoal e de frutas, pensando na imunidade dessa população. Estão sendo atendidas principalmente as pessoas das áreas próximas ao Ilê Obá Aganjú Okoloyá- Terreiro de Mãe Amara, do qual Gabriela faz parte. A campanha foi amplificada de tal forma que pessoas confeccionaram máscaras para serem doadas, quadros foram doados para que o dinheiro de sua venda fosse revertido em materiais dos kits de limpeza, entre outras ações. Agora, o Aqui Tem Vida está com uma vaquinha online para seguir com seu trabalho. Sem financiamento governamental, a campanha precisa de doações, seja em dinheiro pela vaquinha, seja em materiais entrando em contato pelo instagram.

Gabriela demarca que o projeto será permanente. “Assim que a gente puder sair pra rua e entrar em contato, mobilizar, iremos. Minimamente, já fazemos, vamos lá, trocamos uma ideia, perguntamos o que eles estão precisando, como foi o dia… Tentando sempre manter esse diálogo, tentar levar palavras de conforto. O projeto vai continuar pelo resto dos anos. Enquanto a gente tiver na ativa, ele não vai parar”.

DOE através da Vaquinha: DOE EM AMOR – AQUI TEM VIDA

Contatos
Tel.: (81) 996346240 (Gabriela Sampaio) | Instagram

Rádio

Manda tua ideia pelo audio

O Observatório COVID 19 da UFPE – Universidade Federal de Pernambuco – tá fazendo bastante balbúrdia circulando informações sobre o COVID-19, num formato bem interessante e divertido elaborado junto com a rádio Frei Caneca: são áudios circulados pelo Whatsapp com textinhos curtos pra passar o recado da prevenção e apoio coletivo.

Se liga e compartilha:
(para baixar os áudios no celular, clica nos três pontinhos e seleciona “Fazer Download”. No computador, clica com o botão direito no áudio e seleciona “Salvar Áudio como”)
 

Boa tarde!😊 
👉🏽 E como está a saúde de sua comunidade?
🎧Gostou do áudio? 
Compartilhe!!!📲
🌴🌊Vontade de ir curtir uma praia? ☀️⛱️
Se liga aí nas dicas!!!!
💧💧💧Pouca água em casa? 
Aquí umas dicas de como se proteger do corona usando pouca ou nada de água 👍🏼
Olá, bom dia! 😊
❗❗❗tem alguém doente em casa? 🤧🥴🤒 
Saiba como isolar as pessoas com covid-19 em casas pequenas. 
Gostou da informação? Compartilha com sua família, amigos/as, vizinhos/as e a comunidade!
E aí, tudo bem?🌻🌻
Hoje uns recados sobre os cuidados com os cabelos! 
👂🏽Escute e compartilhe!!😎
Saiu para a rua com o celular? ⛔
📱Para não trazer no aparelho a doença para dentro de casa, se liga nas dicas! 😋
E ai, tudo certinho? 😊
Queríamos saber o que você estava achando dos áudios que estamos compartilhando por esta lista. 
🎧As informações estão sendo úteis? 🎤Qual outros temas poderíamos trabalhar? Está tendo algum tipo de retorno, de comentários por parte de outras pessoas?
Mais um áudio sobre o que fazer com as sacolas plásticas. 
Bom final de semana!🙃

Mais fontes confiáveis de informação sobre a pandemia

No campo da comunicação comunitária e popular, nossa Rádio Aconchego publica semanalmente o Informativo Radioativo. Tanto com informações sobre cuidados com a saúde como sobre as diversas movimentações de resistência no nosso território. O coronavírus ataca a nossa saúde e o nosso modo de vida. E vale escutarmos da boca de quem está resistindo o como essa doença é, além de física, social. Esta semana foi sobre a ocupação da Associação de Moradores da Várzea, más já teve sobre a reabertura do comércio, as movimentações contra o racismo, controle do COVID-19 no Paraguai e muito mais. Confere no site todos os programas =)

Para informações técnicas mais completas, podemos visitar o site da UFPE. Lá encontramos diversas informações relacionadas às ações e pesquisas desenvolvidas a respeito da pandemia, que vão desde Informe Epidemiológico e artigos científicos a Cartilhas de prevenção com fluxogramas para trabalhadores/as como entregadores de mercadorias e sobre o Auxílio Emergêncial, Rádio Universitária fazendo programa Especial Coronavirus, Podcasts como o Coronavirus em Xeque – que reúne depoimentos de pesquisadores e especialistas para alertar ouvintes em relação ao processo de desinformação (as fake news!) sobre a pandemia do novo coronavírus, além de vídeos do Opinião Pernambuco, da TV Universitária/TVU se dedicando a temas vinculados e trazendo profissionais de diversas áreas para provocar o diálogo com a população.

São realizações de um conjunto de professoras, professores, estudantes, pesquisadores para atingir não somente a comunidade acadêmica, mas que a informação de qualidade se propague na sociedade e seja posse de todes.

Não é só uma gripezinha!
Vamos resistir também com informação de qualidade sobre o Coronavírus. <3

Roda de conversa da Unipop

Universidade Popular do Nordeste cria rádio comunitária Esperança do Povo

As iniciativas dentro das comunidades contra o COVID19 estão tomando rumos muito criativos. Na Favela Bola de Ouro, no Curado IV / Jaboatão dos Guararapes, o pessoal da Universidade Popular do Nordeste (UNIPOP/NE) nestes dias de pandemia, além de coleta e distribuição de cestas básicas para as famílias mais carentes dos bairros circunvizinhos, está entrando nas ondas das rádio comunitária: A Rádio e TV Esperança do Povo – orgânica e decolonial. Na era dos streams e podcasts, o formato de rádio permanece como ferramenta de comunicação entre comunidades, sintonizando informação, música e pertencimento.

A Universidade Popular do Nordeste já era conhecida por construir trabalhos político-pedagógicos com a população, como rodas de conversa para o bem viver, aprendizados de artes marciais, encontros com caráter de educação popular e condução do Pastor Jardson Gregório. Neste momento em que é pedido o distânciamento social temporário como medida de prevenção do CORONAVIRUS, a UNIPOP/NE inova com a Rádio Esperança do Povo, promovendo “diálogos não violentos na perspectiva da pedagogia da convivência adotada pela UNIPOP/NE, sendo assim um projeto de educação para a felicidade sobre modo sustentável”. Com acesso online pelo canal, proporcionará que a transmissão leve a sabedoria construída pelas educadoras e educadores locais a ouvintes da favela, mas também de toda a rede de internet.

A inauguração oficial da Rádio e TV Esperança do Povo acontecerá no dia 13 de agosto deste ano, mas já apresenta alguns programas como o “Margaridas”, que “liderado por mulheres da favela e equipe atuante na Universidade Popular, aborda temas do universo feminino tais como família, feminicídio, machismo, racismo, gordofobia, homofobia, assédio e agressão”, e conta com convidadas que possam falar suas vivências dentro dos debates, trazendo uma programação musical que embale as/os ouvintes. Outros programas acompanham esta linha de educação para o povo construída pelo povo, com debates sobre literatura e filosofia, contos e causos, e diálogos ecumêncicos de louvor, reflexões e sonhos.

Acesse a Rádio e TV Esperança do Povo!
Saiba como apoiar!

Conheça também a Rádio Aconchego, parceira na realização do Mapa Solidário <3.

Tirinha sobre trabalhadoras domesticas de Leandro Assis

Desempregadas: apoie o isolamento social das Trabalhadoras Domésticas

Tirinha de Leandro Assis

Algumas das notícias mais chocantes desta pandemia são sobre trabalho doméstico. A trabalhadora encontrada trancada num cômodo e que era escravizada por uma empresária, casos de trabalhadoras que se contaminaram e foram demitidas, apesar de a contaminação ser considerada acidente de trabalho e, portanto, sob direitos trabalhistas, a que foi infectada pelos patrões e foi o primeiro caso de morte por COVID-19 do Rio de Janeiro, a triste e revoltante morte do menino Miguel enquanto sua mãe trabalhava. Mulheres que tentavam manter seus empregos em meio à incerteza dos tempos que vivemos. 

O teor escravocrata destas notícias é alarmante, não acha? E, além dessa carga histórica de maus tratos, as trabalhadoras domésticas sofrem com outra das consequências do isolamento: o desemprego. Com essa preocupação, a Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad) explica os problemas enfrentados pela categoria e pede apoio à campanha de doações “Cuida de Quem te Cuida“.

Veja no vídeo as falas da categoria, que tem mais de 7 milhões de trabalhadoras. E não esqueça: serviço doméstico NÃO é serviço essencial! Se você contrata serviços destas profissionais, mantenha o pagamento enquanto elas praticam isolamento social. Os filhos destas trabalhadoras estão em campanha contra as demissões
Respeite as profissionais e lave os pratos na quarentena.

Para doar
Banco do Brasil
Fenatrad
Ag. 3457-6
C.c. 75760-8
CNPJ: 31. 709.841-0001/04

Sobre a morte do Menino Miguel
Morte de menino que caiu do 9º andar no Recife gera revolta nas redes [Carta Capital]
Morte de Miguel expõe o racismo estrutural por trás das desigualdades no Brasil [Marco Zero Conteúdo]
Mãe de menino que caiu de prédio é funcionária da prefeitura de Tamandaré, mas trabalhava de doméstica na casa do prefeito [G1]

Ficha técnica do vídeo
Roteiro e Direção: Elisa Brites
Edição e Finalização: Junior Vieira
Colaboração: Luiza Batista (Fenatrad), Jurema Brites, Mary Castro e Thaís Montcelli

Imagem
Tirinha de Leandro Assis

Cocar vendido pelos Fulni-ô

A pandemia na Aldeia: a resistência Fulni-ô em tempos de COVID-19

APOIE A ARTE FULNI-Ô! APOIE A LUTA INDÍGENA! Cocares belíssimos como esse estão sendo vendidos e rifados

Já sabemos que a pandemia do COVID-19 paralisou diversas atividades e espaços do cotidiano. Nos ambientes urbanos, quem possui o privilégio de trabalhar de casa, se isola. E quem não possui, se expõe em trabalhos precarizados para evitar a miséria. Muites nem essas duas opções possuem. Se nas cidades, milhões se desdobram para garantir a sobrevivência das próprias famílias, como andam as comunidades dos interiores? Como estão as condições dos povos indígenas? 

Xicê Fulni-ô, agente de saúde de Águas Belas, explica em entrevista os desafios enfrentados pela sua comunidade. “Todo mês de abril, os Fulni-ô tem o costume de viajar pelas capitais fazendo apresentações de dança e vendendo artesanato. A capital mais próxima é Recife, mas os artistas visitam várias cidades, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, entre outras”, diz ele. Além das apresentações culturais, o  Grupo Cultural Indígena Walê Fulni-ô viaja pelo país e também faz visitas a escolas, apresentando sua cultura a não-indígenas de forma educativa. As apresentações e as vendas de artesanato do mês de abril compõem boa parte da renda da comunidade, habitada por cerca de 4 mil pessoas, que também praticam agricultura de subsistência. Como este ano, as atividades e viagens tiveram que ser canceladas, as pessoas da aldeia estão contando com a solidariedade da sociedade civil e com as ações governamentais.

“Algumas pessoas conseguiram o auxílio emergencial do governo, mas muitas ainda estão na fila de espera. Está sendo uma situação muito difícil pra todos nós. No momento, estamos dependendo de doações de cestas básicas e materiais de higiene, muitas vindas de ONGs que já mantinham alguma parceria conosco, mas também de pessoas anônimas de outras regiões. Chegamos a fazer uma rifa de cocar, mas ainda estamos precisando de ajuda”, ressalta Xicê. Além da rifa, a comunidade está com uma vaquinha aberta para apoiar o Grupo Walê. Não devemos esquecer de apoiar os povos originários no enfrentamento dessa pandemia: além de ser um ato de solidariedade, é um ato de reparação histórica. Os Fulni-ô, assim como outras comunidades indígenas, não são priorizados de forma adequada pelo governo. Cabe a nós enquanto sociedade apoiar a luta e o trabalho indígenas.

Apoie: Rifa de cocares | Vakinha do grupo Walê

Vidas indígenas importam
Vidas indígenas importam

A PANDEMIA NA COMUNIDADE FULNI-Ô DE ÁGUAS BELAS EXPLICADA POR XICÊ

Dos efeitos do isolamento às estratégias de contenção do contágio na aldeia, os Fulni-ô contam com a força coletiva, apoios externos, cuidados com a saúde e a conexão com a espiritualidade.

Efeitos do isolamento

“Nós indígenas, temos o costume de ficar muito próximos. Foi difícil [o isolamento]. Mais de 14 pessoas da equipe  [de saúde] contraíram o vírus, inclusive eu. Só agora está tudo mais tranquilo, o que não quer dizer que estamos livre do COVID-19. Mas agora podemos ter mais tranquilidade. Estávamos limitados a ir na cidade pra comprar alimentos, porque os mercados ficaram fechados, as feiras livres também, então faltava até alimento. Foi um caos na comunidade – imagine como é numa cidade grande, no interior fica mais difícil. Eu percebo, porque também sou agente de saúde, mas trabalho com as plantas medicinais. Eu fiquei um mês de quarentena porque não tinha condições de trabalhar, mas todos estavam empenhados em ajudar”.

Saúde Indígena na Pandemia

Xicê explica que várias informações sobre a prevenção da doença chegaram remotamente através da equipe do Secretaria de Saúde Indígena (SESAI), órgão responsável pela saúde indígena, que indicou uso de EPIs e produtos de higiene como álcool em gel. “A SESAI criou uma equipe multidisciplinar, com médicos, enfermeiros, técnicos, odontólogos, psicólogos, nutricionistas”, ressalta.

Casos na aldeia

Segundo Xicê, “estima-se que mais de 400 pessoas pegaram o COVID, só que se recuperaram. Cinco pessoas chegaram a óbito, porque as 3 mulheres tinham mais de 70 anos e com histórico de pneumonia, os outros 2 mais jovens tinham histórico de diabete e tuberculose, e só tiveram assistência depois, porque ninguém sabia. Muitos ficaram doentes dentro de casa acamados e não sabiam como proceder porque não sabiam que doença era aquela, se imaginava que era uma gripe muito forte, doia os ossos, a cabeça, que cansava”. O receio em levar pessoas doentes ao hospital, o alarde sobre a doença na imprensa e a crescente falta de recursos estão sendo contornadas com os apoios. Mas “isso tudo causou muito estresse, ansiedade, problemas psicológicos em nós, indígenas. Eu tô na linha de frente ajudando meus indígenas a entender, procurar ajudar ligeiro, não ficar achando que é uma gripezinha”.

Contenção da Doença

Xicê ressalta que os Fulniô estão “fazendo barreiras nos pontos da aldeia onde tem o tráfego de carros, motos, pessoas, colocando álcool em gel nas mãos, na ida e na volta, oferecendo máscaras. O nosso dia dia tá sendo esse, somos nós mesmos indígenas que estamos levando nas costas, com a ajuda do governo, município, das pessoas que se sensibilizam com os povos indígenas”. Ressalta o papel dos agentes de saúde, que “vão nas portas ver quem está com síndrome gripal, com tosse. Cada semana fazem um somatório e até hoje não foi notificado um caso de gripe”. Ele acrescenta: “Temos que buscar a fé e a espiritualidade, mas a medicina faz sua parte. Eu agradeço muito porque, você veja uma comunidade com 4mil indígenas e apenas 5 óbitos…”

Para informações sobre a contaminação de indígenas no país, veja o mapa do Instituto Socioambiental

Marsha P. Johnson e Sylvia Rivera em marcha em 1973

Orgulho LGBTIA+ e a pandemia: a solidariedade entre todes

Marsha P. Johnson (esquerda) e Sylvia Rivera (direita) com Joseph Ratanski em marcha em 1973

Estamos nos ultimos dias de junho, mês de recordar, aplaudir, abraçar as causas LGBTIA+ (lésbicas, gays, bissexuais, trans, intersexuais e assexuais) em todo o mundo. O mês foi escolhido por marcar a data 28 de junho de 1969, no bar Stonewall, em Nova York/EUA, onde o orgulho começou. Mulheres e homens trans, gays, lésbicas, pessoas não-binárias e, especialmente, travestis como Marsha P. Johnson e Sylvia Rivera resistiram às violentas batidas políciais feitas ao bar, que tinham o objetivo de intimidar as sujeitas que frequentavam o local, conhecido por acolher pessoas dissidentes sexuais. Pois elas e eles não se fizeram de rogados: por duas noites realizaram protesto em frente ao bar, com discursos e garrafadas. Um ano depois a organização resultou na primeira Parada do Orgulho LGBT, reverberando depois no Brasil, como lembra Jovanna Cardoso.

Por isto neste mês ficam mais visíveis as campanhas de orgulho e solidariedade que acontecem todos os dias. O Instituto Transviver, em Recife, está engajado na arrecadação de alimentos e materiais de limpeza destinados a comunidade LGBTIA+ desde o início da pandemia. Promovendo rifas, vendendo camisas, em parcerias com empresas e engajando a sociedade nesta solidariedade. Já em Petrolina, o Cores – Movimento de Defesa da Cidadania e do Orgulho LGBTQIA+ está em colaboração com a Rede LGBT do interior de Pernambuco e o Movimento Leões do Norte para acolher e apoiar pessoas em vulnerabilidade.

É o caso do Mês urgenT, uma iniciativa em prol da AMOTRANS para arrecadação de grana para cestas básicas destinadas às pessoas trans e travestis de Pernambuco. A associação também se preocupa com o atendimento psicoterapeutico necessário ainda mais nestes dias de pandemia em que parte desta população vive em subempregos ou desalento trabalhista. A pesquisa da ANTRA nos escancara que o número de assassinatos contra mulheres trans e travestis aumentou em 49% durante o período de quarentena, como o feminicídio da última quinta-feira. Junta-se a isso e expulsão escolar, gerando a falta de oportunidades.

As campanhas vem se contrapor a cisgeneridade e suas formas de controle e exclusão. Por isto encontraremos campanhas mescladas, que envolvem arrecadação de subsídios mas também valorização, celebração e visibilidade de trabahadoras, artistas e políticas LGBTIA+, trazendo também debates afirmativos sobre as identidades e orientações sexuais, propagando a educação e o respeito da população. Provocando afetividade e empatia.

Keila Simpson, na abertura do Travestilizando 2020, resumiu bem: “Orgulho de sermos quem somos [neste] isolamento social. A gente ta com essas atividades todas nesse mês acontecendo pra falar de reação, pra demosntrar que a gente ta reagindo bastante com relação com o que acontece na nossa comunidade. A gente tem reinventado muito dessa forma de fazer nova, de inventar coisas novas, de fazer ações importantes que reverbera sobre toda a comunidade. E ai a gente aqui não está nenhuma vez cobrando protagonismos, nunca cobramos esses personalismos. Sempre trabalhamos muito pelo coletivo. A gente faz com que tenha essa empatia, de todas as nossas produções, de todas as nossas atividades, ter sempre essa resposta muito positiva da comunidade que está conosco, sendo pessoa trans, sendo pessoa cis, de qualquer identidade, de qualquer forma que se apresente. Então a gente não faz muito essa assepcia de pessoas. Nós somos um grupo, uma instituição nacional que cada vez mais quer incorporar diversas pessoas, diversos temas, dentro desse nosso universo”.

DOE para as LGBTIA+, compartilhe esse texto, vamos espalhar o orgulho e a solidariedade <3

Para doar e apoiar
Grupo Transviver | Venda de Camisas
AmorTrans |Campanha Mês urgenT
Rede LGBT do Interior de Pernambuco
Movimento Leões do Norte
Cores – Movimento de Defesa da Cidadania e do Orgulho LGBTQIA+

Ações
Campanha de financiamento Festival Online Favela LGBTQ+
Grupo de apoio psicológico a jovens LGBT
Programa de rádio LGBT no Ar
Casamento LGBT coletivo ONLINE dia 28/06
Coordenação Municipal da Política de Atenção à Saúde Integral da Pop. LGBT do Recife

Para saber mais
Veduca LGBT+ conceitos e história
LGBTFLIX
Aliança Nacional LGBT: Manual de respeito a população LGBT para comunicadores/as
Cartilhas ANTRA

Conheça e apoie Caranguejo Tabaiares

Caranguejo Tabaiares é uma comunidade ribeirinha localizada em área central do Recife. Por sua localização, vem sendo alvo da especulação imobiliária somada a pressões de remoção por parte do Estado. Com dificuldades de infraestrutura, principalmente saneamento, a comunidade, com 5 mil famílias, sonha com um projeto urbanístico que traga melhorias pros moradores sem retirá-los do seu local. Querem permanecer no seu lugar, que é, acima de tudo, afetivo. Mas é também onde criaram suas redes de trabalho e de cooperação. 

Com a pandemia, as dificuldades aumentam, famílias grandes se apertam em casas pequenas e tem o espaço da rua como extensão de suas moradias. Manter-se isolado é um desafio. Muitas moradias também não tem água encanada. Fora isso, a maioria dos moradores e moradoras tem sua renda ligada ao trabalho informal, que agora está comprometida e depende de verdade, da solidariedade de outras pessoas para permanecer uma comunidade unida e viva nesse momento.

Como doar
Banco do Brasil
Ag.: 1833-3
Conta Poupança: 24332-9
Variação: 51
Clube de Idosos Unidos Venceremos
CNPJ: 05.699.639/001-20

Ao fazer sua doação, se puder, envie o comprovante para que a entidade possa conferir se a doação chegou <3

Instagram | Facebook

Pias comunitárias para higienização colocadas em Caranguejo Tabaiares

Orquestra de Frevo em Olinda

HOJE: Live de Frevo arrecada cestas básicas pra artistas Olindenses

Saudade do carnaval né minha filha? Então bora HOJE pra a live de frevo em solidariedade aos artistas que fazem a nossa folia.

O covid-19 chegou no Brasil um pouco depois do carnaval, então conseguimos curtir a festa que passamos o ano todo esperando. Quem não está lembrando das aglomerações gostosas do sobe-desce nas ladeiras de Olinda? Se em condições normais viver da cultura já era difícil, agora está muito mais complicado. Novamente, a solidariedade se faz necessária e poderá ser praticada enquanto matamos a saudade do nosso carnaval!

Hoje vai rolar uma live frevística e solidária no canal do YouTube e na página de Instagram (t.c.m.j.causa_ganha) da T.C.M.J. Causa Ganha a partir das 18h e quem vai garantir esse momento folião pra nós é a Orquestra de Bolso. O objetivo do evento virtual será arrecadar fundos e alimentos para aqueles artistas e profissionais que fazem a nossa festa mais amada ser a melhor do mundo: os músicos <3! Vamos retribuir, em forma de solidariedade, através de doações, àqueles que garantem que a nossa festa aconteça. Você pode contribuir com doações financeiras ou, ainda, entregando alimentos nas sedes do Cariri Olindense e da Pitombeira dos Quatro Cantos.

Não vacila! Faz a sua doação, se liga nos pontos de arrecadação e se esbalda na live!
Vamos ajudar as agremiações a conseguirem 500 cestas básicas!

Além da live de hoje, a T.C.M.J. Causa Ganha está com a campanha de adoção de famílias, com a doação de uma cesta básica por mês para garantir a alimentação de pessoas que não conseguiram o auxílio emergencial do governo.

Anúncio da Live solidária da T.C.M.J. Causa Ganha

SERVIÇO

Sede da Pitombeira: Rua 27 de Janeiro, 128, Carmo, Olinda
Sede do Cariri: Rua Cândida Luísa, Guadalupe, Olinda (próxima à escadaria do Largo do Guadalupe)
Contato de Whatsapp: (81) 9.9740-3271 [Sílvio Andrade]
Dados Bancários:
Andrea Maria S S Andrade
Caixa Econômica Federal
Conta: 7033-3
Ag: 2193
Op: 013

Aviso: várias agremiações estão juntas nessa campanha. Caso vá levar cesta básica ou contribuições nos pontos de arrecadação, favor pedir para anotar a agremiação à qual se destina.

Doe para a Comunidade Frei Damião

Os efeitos da quarentena não acabaram! Continuamos numa luta diária para que a pandemia não avance em bairros periféricos. Mesmo com a flexibilização, as comunidades continuam sofrendo as consequências do isolamento, do desemprego generalizado e da negociação das leis trabalhistas. Por isso, republicamos aqui o pedido que continua URGENTE de doações para a Comunidade Frei Damião, em Caetés 1, Paulista. 

A comunidade está com ações de solidariedade para o momento da pandemia. Estão arrecadando algumas doações, mas não o suficiente para atender as cerca de 130 famílias de lá.

Se você pode, DOE, espalhe essa imagem.Qualquer apoio continua se fazendo necessário.

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