Mulher recebendo doação na comunidade da Várzea

Mulheres negras: o alicerce da resistência à pandemia

Fotografia de Cecília da Fonte

O governo está escondendo os dados sobre o número de infectados e falecidos pelo COVID-19, mas há outros dados que, desde o começo da pandemia, estão ocultos: o impacto do trabalho comunitário no enfrentamento ao coronavírus. Menos falado ainda é o papel das mulheres negras neste momento. Parte da população pobre, a mais afetada pela pandemia, estas mulheres estão cuidando da família, da casa, dos doentes e correndo atrás do sustento. Quando não estão ainda mais atarefadas ajudando as comunidades em que moram a resistir coletivamente através de campanhas de doação e distribuição de alimenos e itens de higiene.  

Engajadas no mapeamento e propaganda das ações de solidariedade, as colaboradoras do Mapa Solidário, agregador de campanhas em Pernambuco, entrevistaram mulheres negras que atuam em suas comunidades na Região Metropolitana do Recife. Além da exposição de informações sobre a saúde pública, é importante mostrar a batalha diária dessas lutadoras em ações de apoio mútuo em seus territórios. A mulher negra é, sem dúvida, protagonista no enfrentamento ao COVID-19.  

Entrevistamos Flávia (Marcha Mundial de Mulheres/Ocupação 15 de Novembro), Joelma (Centro Mário Andrade/Ibura), Joice (GRIS Solidário/Várzea), Liliana (Rede de Mulheres Negras/Córrego do Euclides) e Sarah (Caranguejo Tabaiares Resiste/Caranguejo Tabaiares), a quem agradecemos por arranjarem um tempo de onde não tinham para contribuir com este texto. 

ANTES E DURANTE DA PANDEMIA 

Comunidade de Caranguejo Tabaiares, Centro do Recife

Durante a pandemia, velhos problemas conhecidos do movimento feminista e de mulheres negras se intensificaram. Violência doméstica, falta de infra-estrutura e acesso a serviços públicos e sobrecarga nos trabalhos domésticos são alguns deles. Pra piorar, o desemprego e a fome aumentaram nas comunidades e pioraram a já precária estrutura de vida das famílias. Para Joelma, “a principal questão é o desemprego que depois da pandemia piorou muito”. Liliana ouviu “relatos de trabalhadoras e trabalhadores que foram afastados porque o patrão simplesmente disse ‘não dá pra pagar você, vai ter que aguardar e pronto'”. O isolamento impactou diretamente na renda, já que “muitas [mulheres] trabalhavam de maneira autônoma, seja na venda de produtos, seja com diárias, lavagem de roupa, costura, vendas de cosméticos e faxinas”, diz Joice. Em Caranguejo Tabaiares, muitas “iam para o sinal vender coisas para se manter e hoje não tem condições,” aponta Sarah. 

Por mais que uma parte da população consiga, é muito difícil manter isolamento quando na sua comunidade e na sua casa a pandemia acentuou a precariedade da vida. “É um estado permanente de vulnerabilidade social, óbvio que com a pandemia aumentou”, diz Flávia. Por exemplo, “como se higieniza sem água e sabão e, sobretudo, como se fica em casa sem alimentação?”, completa. Para Liliana, “você fazer quarentena num espaço muito pequeno, com crianças, com pessoas da família que não tem condições de ficarem dentro de casa” é uma dificuldade para as mulheres.   

A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER 

Nas comunidades, a questão da violência doméstica não mudou. Como os agressores – geralmente homens – permanecem mais tempo dentro de casa, a fome e o desemprego acabam sendo um álibi. Liliana nos repassou relatos de “xingamentos, grosserias e violência psicológica, a pressão por botar comida dentro de casa sem ter condições”, além da jornada triplicada dentro de casa com as crianças sem aula. Joelma relata o caso de uma moça que precisou mudar-se de bairro para fugir das agressões: “Nesse contexto que estamos não tem como se resolver nada, então ela preferiu realmente sair daqui da comunidade com medo disso, a gente já teve caso de [feminicídio] aqui por isso, de ex marido”. Joice acrescenta que a subnotificação aumenta por conta do isolamento social, que diminui o acesso às delegacias especializadas pela dificuldade no deslocamento e pelo medo da convivência com o agressor. Além disso, “a cotidiana violência policial chega sempre de forma agressiva na comunidade”, ressalta Flávia. A desconfiança diante dos dados oficiais que apresentam uma diminuição dos casos de violência contra a mulher soma-se à ausência de acompanhamento às famílias pelos postos de saúde nos bairros, como nos lembra Sarah. 

O PAPEL DA MULHER NEGRA NAS LUTAS COMUNITÁRIAS

 

Ação no Centro Mario Andrade, no Ibura

Por serem um dos grupos mais impactados pelo COVID-19, as mulheres negras são também as primeiras a se mexer. Seja no Ibura, Córrego do Euclides, Várzea, ou qualquer outro território periférico, são as mulheres que se organizam para cuidar das suas comunidades e das suas famílias. “Elas se organizam em pequeno grupos, identificam quem são as que mais precisam, arrecadam material de limpeza, alimentos e máscaras e organizam a distribuição, seguindo todos os cuidados dados pela autoridades de saúde”, explica Flávia. Para além de todas as ações práticas que envolvem o ato de cuidar, as mulheres muitas vezes se encontram na função de equilibrar o estado emocional das pessoas do lar. Liliana deixa negritado que são as mulheres que atentam para que todes façam uso da máscara, lavem as mãos além dos outros protocolos básicos de higiene.  

Como sempre, a mulher negra é empurrada a ser responsável pelo bem estar das pessoas ao seu redor. “São elas que se articulam para conseguir as cestas básicas, mesmo que não carreguem o peso, elas que ficam nas filas e vão atrás, também no que diz respeito à saúde: se tem alguém doente em casa são elas que vão nos postos de sáude obter informações, ir atrás de remédios etc”, explica. Joelma ressalta que enquanto as mulheres se movimentam, os homens além de não marcarem presença nas ações solidárias, se expoem de forma desnecessária, levando para dentro das suas casas o vírus. “De 5h, 6h da manhã a avenida principal tá cheia de cara tudo sem fazer nada, batendo papo. Quem está fazendo os corres pra manter o sustento da família são as mulheres”, diz ela. 

Não podemos precisar por quanto tempo a pandemia do COVID-19 ainda impactará as nossas vidas e comunidades, mas uma coisa é certa: as mulheres negras não podem seguir sendo o alicerce de tudo ao seu redor sozinhas. Precisamos encontrar formas de redistribuir coletivamente as funções que elas exercem, além de exigir do governo a estrutura devida no que diz respeito à saúde e à assistência social a essas comunidades. Dos Governos e Empresários não esperamos nada, apenas exigimos o que é nosso. Mas é das pessoas próximas que esperamos uma mudança solidária que ande ombro a ombro com a libertação da mulher negra até atingirmos uma sociedade livre do capitalismo, do racismo e do machismo. 

Naomi e suas Filhas, 2013. Fotografia de: Kehinde Wiley, cortesia da Galeria Stephen Friedman Gallery. Reprodução da Publicação no The Guardian

Do litoral aos morros, o povo da zona sul resiste à pandemia

Texto produzido por Livroteca Brincante do Pina, Centro Mário Andrade e Mapa Solidário

Comunidade do Bode, no Pina

O paredão de prédios da beira-mar antagoniza com a precariedade dos bairros da Zona Sul do Recife. Se já era evidente o contraste entre o bem-estar da elite e a falta de recursos das comunidades vizinhas, ele se acentua com o isolamento social. A necessidade de sair para trabalhar e a falta de serviços públicos básicos, neste momento, são atenuadas pela luta de iniciativas comunitárias. 

“De quarentena, mas Solidários” 

O bairro do Ibura, de grande extensão territorial, abrange cerca de 50 mil habitantes. Tem como característica escadarias e morros, que dificulta o acesso ao transporte público. Além disso, é o local com maior ocorrência de tiroteios na cidade do Recife, segundo balanço do aplicativo Fogo Cruzado da UFPE. Lá, o Centro Comunitário Mário Andrade atua há mais de 4 anos no enfrentamento e combate ao genocídio do povo preto, prestando assistência às famílias em ações socioculturais gratuitas à comunidade. O Centro tem ampliado sua rede de atendimento à população em tempos de pandemia com a campanha “De quarentena, mas solidários!”.

Até o momento, a campanha atingiu mais de 200 famílias residentes no Ibura. Mais de 80% das pessoas atendidas são negras, em sua maioria mulheres, geralmente mães solo responsáveis pelo sustento familiar cuidado com os filhos. Cerca de 20% delas recebem até um salário mínimo, aproximadamente 24% não possuem nenhuma renda e por volta de 50% estão inseridas no Programa Bolsa Família. 

#CoronaNasPeriferias

Já na Comunidade do Bode, a iniciativa da Livroteca Brincante do Pina está com a Campanha #CoronaNasPeriferias, junto ao Co letivo Pão e Tinta. Para evitar a proliferação do vírus na Comunidade, onde grande porcentagem dos moradores ainda mora em palafitas, com saneamento básico quase zero e difícil acesso à informação, os coletivos vêm orientando sobre os perigos do COVID-19. As ações já beneficiaram em torno de 300 famílias. No bairro, moram muitas mulheres e homens que trabalham informalmente como pescadores e marisqueiros e vivem exclusivamente da pesca – que está afetada por conta da pandemia. Para agravar a situação, ainda pairam desconfianças sobre a atividde por causa do derramamento de óleo que atingiu o Nordeste. 

É difícil falar sobre ficar em casa quando alguém divide um pequeno cômodo com várias outras pessoas ou precisa continuar trabalhando para sustentar sua família. Mas é dividindo estas experiências que moradores e movimentos se organizam para trabalhar coletivamente. A Livroteca – uma biblioteca comunitária que antes se dedicava a projetos de incentivo à leitura, integração artística, cultural e ambiental – e o Coletivo Pão e Tinta – grupo que inicialmente se reúne no evento anual de revitalização sociocultural – neste momento de pandemia colaboram distribuindo materiais de limpeza, cestas básicas, máscaras, dentre outros.

Solidariedade para resistir ao COVID-19d

Entrega de alimentos no Centro Mário Andrade, Ibura de Baixo

Em seu sentido mais abrangente, o direito à saúde é relacionado às condições de alimentação, habitação, saneamento, educação, meio ambiente, trabalho e renda. Se estas condições são negadas sistematicamente a certos bairros, então temos um quadro de violação cotidiana de direitos humanos na vida destes moradores. Diz-se “populações periféricas” não apenas por estarem longe de um “centro”, mas por terem negadas as condições básicas de desenvolvimento, sendo empurradas à exclusão social. 

Na resistência a estes estigmas, os coletivos contam com a solidariedade de todes para minimizar os impactos sociais causados pela pandemia do coronavírus. É necessário garantir imediatamente o direito básico de alimentação. As mortes em virtude do Covid-19 continuam e, sem apoio mútuo e solidariedade, o povo pobre será ainda mais atingido. 

Junte forças aos coletivos:
Campanha #CoronaNasPeriferias, no Pina | Campanha De quarentena, mas solidários, no Ibura

Rede Orgânca Periférica de Olinda

Rede Orgânica Periférica de Olinda (Campanha Enfrente)

A Rede Orgânica Periférica de Olinda é um coletivo criado em caráter emergencial reunindo lideranças e organizações das comunidades periféricas de Olinda como Peixinhos, Alto Sol Nascente, Salgadinho, Alto da Conquista, Rio Doce e Passarinho, que cobrem uma área com cerca de 99.293 habitantes. A Rede é composta por lideranças e grupos comunitários que historicamente tocam projetos sociais em seus territórios: Grupo Comunidade Assumindo suas Crianças (GCASC), Movimento Cultural Boca do Lixo e Biblioteca Multicultural Nascedouro, em Peixinhos; Grupo de Teatro Atual (GTA) e Boi Mandingueiro no Alto da Bondade, Alto Sol Nascente e Mata do Ronca; Rede de Bibliotecas Comunitárias (Releitura) e Biblioteca Solar de Ler; Grupo S.O.L. (Sonho, Organização e Luta) no Alto Sol Nascente; Coletivo Sempre Vivas, em Rio Doce; Grupo Ação com Esperança, em Passarinho Alto; e o Projeto Fenealto, no Alto da Conquista.

Como doar
Através da vaquinha online aqui.

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Histórico da Rede e organização das doações

Desde o início da pandemia no Brasil, a Rede tem se unido e pautado a luta pela sobrevivência através de ações diretas para que as comunidades periféricas sejam colocadas como absoluta prioridade nas ações de combate à pandemia. Temos ainda cobrado do Poder Público medidas emergenciais que coloquem a periferia e a população negra como foco nos planos de ação no combate à contaminação pelo Covid-19.

Por causa da propagação do coronavírus no país e adoção de medidas de isolamento social, começamos a distribuição de cestas básicas e produção de sabão ecológico e materiais de limpeza como ações de apoio às comunidades. Com esta atuação de base, já conseguimos alcançar 387 famílias e produzir 520 litros de cloro, 520 litros de detergente, 2.600 litros de água sanitária (a cada litro de cloro podemos produzir até 6 litros de água sanitária) e 525 barras de sabão ecológico amarelo feito a partir da reutilização de óleo de cozinha.

Com a campanha Enfrente, vamos ampliar o trabalho de prevenção ao alastramento do Covid-19, através da produção e distribuição de sabão ecológico, kits de higiene, alimentos e água potável às regiões mais afetadas pelo sistemático desabastecimento em nossas comunidades. Através das seguintes ações, realizadas sempre com o uso dos EPIs necessários, respeitando o distanciamento e as recomendações da OMS e das autoridades sanitárias:

  • compra dos itens das cestas básicas e material necessários para produção do material de limpeza por duas pessoas dos grupos que compõem a Rede;
  • montagem das cestas básicas e produção do sabão ecológico e dos materiais de limpeza no espaço do Grupo Comunidade Assumindo Suas Crianças – GCASC, em Peixinhos, e do Grupo S.O.L. – Sonho, Organização e Luta, no Alto Sol Nascente (as duas equipes são formadas por no máximo 4 (quatro) pessoas. As máscaras utilizadas pela equipe são confeccionadas por costureiras voluntárias das comunidades em isolamento social);
  • transporte das cestas básicas e material de limpeza para os demais grupos, realizado de modo seguro por apenas uma pessoa (o cálculo da quantidade de kits a serem distribuídos por cada grupo será proporcional à população de cada bairro);
  • Distribuição para a população, feita nas sedes dos grupos que compõem a Rede (será feito agendamento prévio com as famílias já listadas que moram nas regiões mais precárias destes bairros e a retirada será realizada em horários alternados de modo a evitar aglomeração e exposição das pessoas envolvidas na ação).

Acreditamos que é dentro das nossas comunidades que estão as grandes soluções para os problemas que enfrentamos e que, com o devido apoio, temos a potência de alcançar até 1.500 famílias. Esperamos que a distribuição de alimentos assim como a produção comunitária de sabão ecológico e materiais de limpeza possam oferecer às comunidades de Olinda a mínima estrutura necessária para uma real e efetiva garantia de sua soberania alimentar e prevenção do contágio pelo Covid-19, de acordo com as diretrizes dos órgãos de saúde nas periferias tão marcadas pelo descaso e vulnerabilidade social.

Conheça os coletivos e campanhas de arrecadação em Paulista e região

Coletivos Ppopulares de Paulista Contra o Coronavírus

Paulista está localizada na Metropolita Norte da RMR do Recife. A cidade tem uma rica história de organização sindical da classe trabalhadora no começo a urbanização e da industrialização. Atualmente, é formada por diversos bairros populares e periféricos que marcam a vida dos moradores e moradores desse território. Não diferente das demais cidades periféricas, do lado de cá se carece de muitas coisas, como um bom planejamento urbano, acesso digno à agua, saneamento básico e etc. Nesse contexto mundial de Pandemia do COVID-19, todas essas ausências de direitos ficam ainda mais explicitas e as afetações nas vidas das pessoas fica ainda mais evidente. No meio de tudo isso tem uma galera de coração e mente aberto intervindo para mudar mesmo que pontualmente a vida de muitas moradoras e moradores das áreas mais vuneráveis da cidade. 

Estamos organizados na Rede de Coletivos Populares de Paulita (Rede Coppa) com os grupos Escambo Coletivo (Paratibe/Arthur Lundgren I), no Coletivo Força Tururu (Janga), no Coletivo M1 (Maranguape I); no Observatório Popular de Maranguape (Maranguape I) e nas Coletivas (Paratibe, Arthur Lundgren I e Maranguape I). Ali perto, em Abreu e Lima, a Comunidade Frei Damião, em Caetés 1, articulou campanha emergencial para o momento da pandemia. 

Foi feito um levantamento territorial das áreas de novas ocupações, amplamente divulgado e entregue à Prefeitura do Município de Paulista. Indicamos que a população, além de lidar com a vulnerabilidade material e financeira, está com condições precárias de moradia e ausência de serviços públicos básicos, como esgoto. Identificamos também subnotificação dos casos de COVID19, já que há negligência de testagens nestes territórios. Reinvindicamos “que possa existir uma reparação histórica [que contemple] as pessoas que vivem em áreas sem moradia digna e que, agora, estão ainda pior por conta da pandemia”.  

Correndo por fora, os coletivos tentam garantir cestas básicas para parte desta população sem recursos. São alimentos e materiais de limpeza que acompanham folhetos informativos e diálogos porta a porta sobre a prevenção para o COVID19. É importante dizer que a fome tem pressa e que doação tem que vir junto de muita consciência crítica, sendo assim, é muito mais do que tapar carências alemetares, é sobre olhar para as pessoas como sujeitos de direitos e que possuem as mais amplas necessidades e que, nesse momento emergencial, estamos fazendo os corres para garantir pelo menos dignidade alimentar para nossa galera, que é trabalhadora e trabalhador como a gente e que além de comida “quer fazer amor e quer prazer pra aliviar a dor”. Para essa galera, “as nossas vidas importam!”. E é nesta pegada que todos podem ajudar!

Conheça os coletivos, entre em contato, chega junto!

Rede Coppa | Coletivas | Coletivo M1 | Coletivo Tururu | Escambo Coletivo | Observatório Maranguape 1 | Comunidade Frei Damião

Tu conheces os coletivos próximos a tua casa, o teu bairro? Uma das motivações do Mapa Solidário é que tu conheça de perto quem ta fazendo, chegue junto, seja parte. E sem demagogia, na prática mesmo!  

Para resistir ao Coronavírus, vamos substituir tédio por solidariedade.